A DEFENSORIA PÚBLICA E A CONCEPÇÃO QUIXOTESCA DE JUSTIÇA

UM DIÁLOGO ENTRE DIREITO E LITERATURA

Autores

Palavras-chave:

Defensoria Pública, Dom Quixote, Justiça, Direito e Literatura

Resumo

Este artigo propõe-se a um estudo de Direito e Literatura no seu viés representacional. Mediante metodologia analítica-dialética e assumindo os pressupostos do constructo teórico de Paul Ricoeur, suscita-se a seguinte indagação: a atividade jurídica da Defensoria Pública brasileira pode ser considerada “quixotesca” a partir dos conceitos apreensíveis do clássico literário de Miguel de Cervantes Saavedra? Por meio desse questionamento inicial, procura-se demonstrar que a forma como D. Quixote busca concretizar a justiça não pode ser considerada uma representação das funções e dos objetivos institucionais da Defensoria Pública: embora certos valores jurídicos inerentes à Defensoria Pública estejam representados nas ações e intenções de D. Quixote na diegese, a personagem cervantina ilustra problemas institucionais que a Defensoria Pública visa a corrigir.

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Publicado

2024-12-19

Como Citar

DE CARPENA FERREIRA CORRÊA DE BARROS, L.; BARROS, E. de C. F. C. de. A DEFENSORIA PÚBLICA E A CONCEPÇÃO QUIXOTESCA DE JUSTIÇA: UM DIÁLOGO ENTRE DIREITO E LITERATURA. Revista da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 2, n. 35, p. 51–66, 2024. Disponível em: https://revista.defensoria.rs.def.br/defensoria/article/view/665. Acesso em: 8 fev. 2025.